O ativista brasileiro Thiago Ávila, sequestrado por forças israelenses junto a outros membros da Flotilha da Liberdade, missão marítima que visava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, decidiu expor as marcas da tortura que sofreu na prisão ilegal em Israel. Ele retornou ao Brasil, após dias sem contato com seus familiares ou advogados, na manhã desta sexta-feira (13).
Ao deixar a prisão em Israel, Thiago Ávila havia afirmado que não compartilharia as lesões causadas pela tortura que sofreu por parte dos israelenses, pois não queria tirar o foco das violações sofridas pelo povo palestino em Gaza. Após retornar ao Brasil, entretanto, o ativista mudou de ideia pois soube que três membros da Flotilha da Liberdade permanecem presos ilegalmente em Israel, possivelmente sofrendo violência. A ideia, ao expor as marcas da tortura, é chamar a atenção do mundo para pressionar pela libertação dos ativistas
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"Enquanto parte da tripulação da missão humanitária da Flotilha da Liberdade a Gaza já retornou aos seus países de origem, três companheiros permanecem impedidos de deixar Israel. Eles estão sendo mantidos no país em um momento de intensificação dos bombardeios entre Israel e Irã – um cenário de guerra provocado por Israel numa tentativa de se apresentar como vítima, aumentando ainda mais os riscos à vida desses voluntários. A presença deles em território israelense não é voluntária. Eles foram detidos ilegalmente durante a missão pacífica da Flotilha, que levava ajuda humanitária aos palestinos em Gaza. Exigimos sua libertação imediata e uma rota segura para deixarem o país", diz texto divulgado por Thiago Ávila.
Veja vídeo em que o ativista brasileiro mostra as marcas da tortura [ATENÇÃO, IMAGENS FORTES]:
Thiago Ávila retorna ao Brasil após prisão ilegal em Israel; entenda
O ativista Thiago Ávila, um dos 12 tripulantes da Coalizão Flotilha Liberdade, interceptada por Israel quando ia na direção da Faixa de Gaza, chegou na manhã desta sexta-feira (13) ao Brasil. A embarcação partiu em missão humanitária, visando oferecer ajuda aos palestinos.
Thiago desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e foi recebido pela esposa, Lara, a filha e um grupo de militantes pró-Palestina, portando cartazes com mensagens de apoio ao país e bandeiras.
Veja vídeo:
Cercado por apoiadores da causa, que fizeram reverberar pelo saguão do terminal palavras encorajadoras, o líder explicou que vestia ainda o uniforme que lhe deram ao ser encaminhado a uma cela solitária, onde ficou por dois dias. Ele classificou como "extremamente solícita" a representação diplomática, que o auxiliou no momento da detenção.
Como protesto, ele fez greve de fome. Aos jornalistas, ressaltou que sua cela ficava em uma masmorra que aparentava ser muito antiga, mas que ele sabia que tinha apenas cerca de 80 anos. Ainda segundo ele, a investida contra os tripulantes da flotilha não foi mais intensa por causa da presença da eurodeputada Rima Hassan.
Agressões
Em entrevista depois do desembarque, Ávila foi questionado sobre eventuais agressões que as forças israelenses podem ter infligido contra ele. Com um ar de tranquilidade, respondeu que as violações de direito que sofreu, sobretudo, por ter projeção, são "uma fração" muito pequena se comparadas às violências a que os palestinos são submetidos.
Ávila observou que Israel tentou fazer uma "manobra publicitária" para vender a impressão de que os ativistas estavam sendo bem recepcionados, ao mesmo tempo em que, na realidade, foram forçados a documentos dizendo que tinham entrado na região de modo ilegal.
Ele esclareceu que não assinou nenhum documento e que as autoridades determinaram o banimento dele no país por um século.
Ávila acredita que o governo brasileiro deveria romper relações com Israel e entende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia, inclusive, interpretar o cenário posto como uma oportunidade de sair ainda maior com esse gesto. Para Ávila, é urgente que o Brasil se desligue dessa "ideologia odiosa".
"Tudo que eles têm são suas armas, seu ódio, seu exército", declarou. Ao chegar ao aeroporto, ele se reencontrou com sua esposa e sua filha de sete meses.
Em relação à cobertura midiática do conflito, Ávila disse estar ciente de que, muitas vezes, os repórteres pretendem contar a verdade, mas esbarram em posições contrárias de seus superiores nas redações. "Nem sempre as estruturas permitem [isso] aos trabalhadores", observou.
Ávila argumentou que é preciso separar antissemitismo de antissionismo e lembrar que há judeus em todo o mundo apoiando os palestinos e se opondo ao massacre promovido por Israel. Os povos já conviveram em harmonia, observou. "O imperialismo britânico e o sionismo destruíram esse sonho de viver em paz", observou.
Por fim, ele defendeu que todos se unam contra o que ele classifica como "o inimigo número 1", o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A resposta que os opositores de Israel dão é a corrente de solidariedade, afeto, amor e a persistência, finalizou.