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    Bolsonaro provoca STF e reacende tensão com Moraes após depoimento

    O ex-presidente tem sido criticado por apoiadores por ter adotado postura "amigável" com o ministro da Suprema Corte

    Bolsonaro provoca STF e reacende tensão com Moraes após depoimento.Créditos: TV Justiça/Reprodução
    Escrito en POLÍTICA el

    Tom amigável com Moraes e reação negativa

    Após adotar um tom amigável com o ministro Alexandre de Moraes e até mesmo brincar com ele e convidá-lo para ser seu vice na chapa eleitoral de 2026, o ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou alvo de críticas de parte de seus apoiadores.

    Chamada de “malucos” revolta base bolsonarista

    Outro motivo que gerou revolta foi o fato de Bolsonaro ter classificado como "malucos" as pessoas que estavam nos acampamentos em frente aos quartéis e que pediam a edição de um novo AI-5 — o Ato Institucional que aplicou a censura no Brasil durante a ditadura militar.

    Retomada do discurso agressivo contra o STF

    Diante de tal cenário, Bolsonaro resolveu adotar outra postura após o depoimento e, digamos, voltou a ser o “Bolsonaro raiz” — algo que ele já havia ensaiado ainda na terça-feira (10), logo após deixar o Supremo Tribunal Federal (STF), ao chamar todo o processo de “farsa”.

    Meme com General G. Dias reacende provocação

    O tom provocador voltou a dar sinal de vida no começo da tarde desta quarta-feira (11), quando Bolsonaro publicou um meme com o General Gonçalves Dias.

    O meme fazia referência ao episódio que levou à demissão de G. Dias: imagens do dia 8 de janeiro mostram o general dentro do Palácio do Planalto, oferecendo água a alguns golpistas — atitude considerada cordata demais.

    À época, G. Dias alegou que as pessoas já estavam com a prisão decretada, e que apenas ofereceu água antes de entregá-las ao Exército e à Polícia Militar.

    Bolsonaro usa meme para atacar versão de golpe

    Bolsonaristas usaram as imagens de G. Dias para tentar desqualificar a tese da tentativa de golpe de Estado. Essa foi justamente a estratégia adotada por Jair Bolsonaro ao publicar o meme em suas redes sociais — apenas um dia após prestar depoimento ao STF.

    "Bolsonaro é frouxo": vídeo divulgado por bolsonaristas causa hecatombe em grupos de apoio
     

    A "frouxidão" e a "covardia", segundo os próprios apoiadores, de Jair Bolsonaro (PL) diante do ministro Alexandre de Moraes, em depoimento nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe caiu como nitroglicerina pura em grupos de Telegram que reúnem aliados extremistas do ex-presidente.

    Um vídeo-bomba, feito pelos próprios bolsonaristas sobre o depoimento e divulgado no grupo Águia, que reúne mais de 20 mil apoiadores do ex-presidente, na manhã desta quarta-feira (11) provocou uma verdadeira hecatombe e implodiu o discurso em torno da narrativa, com trocas de acusações entre os membros.

    Com legendas em inglês, o vídeo inicia dizendo que "Bolsonaro é frouxo" e mostra claramente o processo de amedrontamento e covardia do ex-presidente, que teria traído a confiança dos "patriotas".

    "Bolsonaro é frouxo. Foi eleito como um cavalo de guerra, com promessas de confronto direto contra o sistema. Mas, quando chegou lá em cima o discurso mudou. A coragem virou silêncio. A ação virou covardia. E o povo ficou esperando uma atitude que nunca veio", inicia o vídeo.

    Em seguida, as imagens mostram um "conselho" de Olavo de Carvalho, que é tido como um dos gurus da ultradireita neofascista e morreu em janeiro de 2022 já demonstrando decepção com o então governo Bolsonaro.

    "Olavo de Carvalho avisou antes: uma vez lá em cima, vai viver de misericórdia de seus inimigos. Foi isso o que aconteceu. O homem que prometia romper com o sistema ou a pedir bençãos a ele", segue o texto, mostrando a imagem em que Bolsonaro "faz uma brincadeira" no depoimento, pedindo para Alexandre Moraes ser seu vice em 2026.

    A "piada" foi recebida com revolta pelos bolsonaristas, que se revoltaram, e obrigou Eduardo Bolsonaro a tentar explicar a "estratégia" sorridente e subserviente do pai em frente ao mesmo ministro que, em 7 de setembro de 2021, chamou de "canalha" em ato com apoiadores na avenida Paulista.

    "O mesmo sistema que ele dizia combater, o humilhou, calou seus aliados, prendeu manifestantes, destruiu reputações. E ele aceitou tudo calado. Enquanto a direita era censurada, ele fazia live de pastel e moto. Enquanto o STF fechava o cerco, ele fazia sinal de coraçãozinho", segue o vídeo para concluir com um final arrebatador.

    "Um homem que teme ser odiado, nunca vai liderar uma revolução. Achou que poderia jogar com regras que já tinham sido queimadas e, no fim, terminou pedindo misericórdia aos mesmos que prometeu enfrentar".

    Hecatombe

    A publicação do vídeo no grupo Águia causou uma hecatombe, gerando bate-boca entre os apoiadores de Bolsonaro. "Vídeo absurdo feito por um esquerdista lixo canalha", ralhou um deles. "O canal é pro-Bolsonaro ou o quê?", indagou um segundo.

    "Desculpe. Achei que fosse um canal de patriota, de direita. Não sabia que era um canal em que o mito é um Deus que não pode ser criticado ou questionado", rebateu o bolsonarista que publicou o vídeo, recebendo apoios e críticas.

    O mediador então publicou um card para identificar o grupo como "100% bolsonarista", diante da discordância. "Entendido. Primeira e última vez que questiono", disse a pessoa que publicou, rebatendo as críticas uma a uma.

    "Eu tenho minha visão sobre algumas ações dele e vocês acham ele mito e não aceitam questionamento. Ok. Só tem que tomar cuidado para não ficar bitolado. Perfeito só Deus, Jesus. Ninguém está imune a erros e a críticas. Mas, se vocês se ofendem tanto assim, me desculpe", emendou.

     A troca de farpas se acirrou, enquanto o perfil mediador pedia "calma, minha gente". "Claro que o grupo é patriota, mas se tu se acha o sabichão que acha que poderia fazer melhor, tente ir lá fazer melhor", atacou um extremista.

    "O que tem a ver? Fala isso para o Bukele e o Milei", rebateu, citando os presidentes de ultradireita neofascista da Argentina, Javier Milei, e de El Salvador, Nayib Bukele.

    Em meio a apelos para apagarem o vídeo - e foi realmente apagado -, sobrou até para Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e ex "super" ministro da Justiça de Bolsonaro.

    "Ninguém disse que [Bolsonaro] é um Deus, que não se pode criticar, o que está se dizendo é que jogar toda a culpa do que acontece e chamar o cara de frouxo quando até seu ministro o atacou (Sergio Moro) é jogar do lado inimigo, críticas devem enriquecer e não humilhar ou destruir", afirmou outra bolsonarista que ficou em meio ao fogo cruzado.

    Outro seguidores então quiseram expulsar aqueles que não são "100% Bolsonaro, mas eles se recusaram. "Vamos lá patriotas, temos que ser unidos", apelou o moderador.

    Um bolsonarista aproveitou então para desferir ataques às Forças Armadas, dizendo que "o aparelhamento está dentro das próprias FFAA, este próprio Tribunal mostra isso".

    Veja os prints da implosão do grupo bolsonarista após o vídeo.

     

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