• JUSTIÇA

    Ministro Fux: perguntas que ecoam como acenos à defesa em julgamento do golpe

    Intervenções do ministro durante interrogatório de Mauro Cid foram celebradas por Eduardo Bolsonaro e levantam alerta sobre posicionamento em julgamento histórico no STF

    Créditos: TV Justiça/Reprodução
    Escrito en POLÍTICA el

    As recentes intervenções do ministro Luiz Fux durante a audiência do tenente-coronel Mauro Cid no Supremo Tribunal Federal (STF) levantaram especulações sobre seu posicionamento. No centro do julgamento que apura a tentativa de golpe de Estado supostamente articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, o magistrado fez perguntas consideradas por muitos como favoráveis às narrativas da defesa.

    Os questionamentos de Fux foram rapidamente comemorados por figuras centrais do bolsonarismo, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que afirmou: “Fux desmontou o castelo de areia com duas perguntas”.

    Bolsonaro e aliados se apropriam politicamente das falas de Fux

    Durante o interrogatório realizado na última terça-feira (10), Jair Bolsonaro também se referiu às perguntas do ministro:

    “Até vi o ministro Fux questionando o coronel Cid aqui se foi assinado ou não. Sequer pensamos em fazer algo ao arrepio da nossa Constituição.”

    Essa menção direta ao ministro reforça a percepção de que suas intervenções podem ter sido usadas como ferramenta política pelos investigados.

    Fux questionou Cid sobre minuta golpista e acampamentos militares

    Conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, com participação do procurador-geral da República Paulo Gonet, o depoimento de Mauro Cid abordou temas centrais da investigação. Fux perguntou ao ex-ajudante de ordens se:

    • Havia contato entre o núcleo da Presidência e os manifestantes nos quartéis;
    • A chamada minuta do golpe chegou a ser assinada por alguma autoridade.

    Cid negou ambas as situações, afirmando que “o miolo da Presidência” não mantinha contato com lideranças golpistas e que nenhuma minuta foi formalizada. As respostas reforçaram a linha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tenta se desvincular dos atos que visavam impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Reações e preocupações sobre imparcialidade no STF

    Em um momento decisivo para a democracia brasileira, a conduta dos ministros do STF tem sido acompanhada com atenção. Embora as intervenções de Fux estejam formalmente dentro da legalidade, analistas do campo progressista alertam para possíveis alinhamentos sutis com as teses defendidas pelos acusados.

    Fim das audiências e revogação de medida cautelar

    Os interrogatórios do processo, inicialmente previstos para ocorrer até o fim da semana, foram encerrados antecipadamente na terça-feira (10). Isso ocorreu após as defesas dos réus abrirem mão diversas vezes de fazer perguntas aos interrogados, acelerando o andamento do caso.

    Ao fim da sessão, o ministro Alexandre de Moraes também revogou uma medida cautelar que proibia os investigados de manterem contato entre si. A partir de agora, os réus têm um prazo comum de cinco dias para apresentar manifestações.

    Temas

    Reporte Error
    Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar