A versão "paz e amor" de Jair Bolsonaro (PL) no interrogatório realizado na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação penal da trama golpista, contou com a influência decisiva de um personagem que já aconselhou o ex-presidente em outros momentos.Segundo divulgou a coluna de Igor Gadelha, no Metrópoles, Bolsonaro se reuniu a sós com o também ex-presidente Michel Temer na sexta-feira (6) em São Paulo. Na capital paulista, teve ainda outras reuniões preparatórias para a oitiva na Corte no final de semana.
Temer aconselhou seu sucessor no Palácio do Planalto a agir de forma “serena” e “equilibrada” durante o interrogatório, orientando ainda que pedisse desculpas ao ministro Alexandre de Moraes. A informação foi confirmada por outros veículos.
Te podría interesar
Desculpas a Moraes
Bolsonaro seguiu as orientações. Logo no início do interrogatório, foi questionado a respeito de uma acusação sua de que Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin teriam recebido milhões de dólares para favorecer Lula na eleição, conforme fala retratada na reunião da cúpula de seu governo em julho de 2022.
"Não tem indícios nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fossem outros três ocupando, teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três", respondeu o ex-presidente.
Te podría interesar
O 'conselheiro'
A proximidade entre Bolsonaro e Temer não é nova. O emedebista, que indicou Alexandre de Moraes para o STF, foi mediador em outro momento tenso do mandato de seu sucessor.
Em 7 de setembro de 2021, o então mandatário fez ameaças ao Supremo Tribunal Federal e chamou Moraes de "canalha", afirmando que não cumpriria determinações judiciais do ministro.
No dia seguinte, o ex-presidente foi convocado pelo Planalto e voou de São Paulo para Brasília no dia 9, com a finalidade de apaziguar os ânimos. Temer foi responsável pela redação de um texto, intitulado "Carta à nação", assinado e divulgado por Jair Bolsonaro.
"Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum", dizia a carta, divulgada dois dias depois da declaração no evento. Temer também viabilizou uma ligação telefônica entre Moraes e o então presidente, para uma conversa relatada como curta e protocolar.