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    Uso indiscriminado de tadalafila e sildenafila pode comprometer protocolos de infarto

    Utilização recreativa de medicamentos para disfunção erétil sem acompanhamento médico cresce no Brasil e preocupa profissionais de saúde

    Créditos: Pixabay
    Escrito en SAÚDE el

    O uso indiscriminado de medicamentos como tadalafila e sildenafila (indicados para disfunção erétil) tem se tornado cada vez mais comum no Brasil. Segundo levantamento da Pharmaceutical Market Brazil (PMB), a tadalafila ocupou, em 2024, a 5ª posição entre os genéricos mais vendidos no país, com 61,2 milhões de unidades comercializadas, enquanto a sildenafila aparece em 8º lugar, com 43 milhões.

    Os estados com maior volume de vendas são São Paulo (20,82%) e Minas Gerais (12,44%). 

    Riscos do uso recreativo de tadalafila e sildenafila entre jovens

    Apesar de serem medicamentos com indicação específica para tratar disfunção erétil, a tadalafila e a sildenafila vêm sendo utilizados por jovens sem disfunção diagnosticada, muitas vezes de forma recreativa, com o objetivo de melhorar o desempenho sexual ou físico, como pré-treino.

    Especialistas alertam que esse uso sem prescrição médica pode trazer consequências graves à saúde, incluindo riscos cardiovasculares e interações medicamentosas perigosas.

    Interferência nos protocolos de emergência cardíaca

    Essas substâncias pertencem à classe dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) e atuam como potentes vasodilatadores. Quando combinadas com nitratos, usados no tratamento de angina e infarto, podem causar quedas bruscas na pressão arterial, colocando a vida do paciente em risco.

    Segundo o cardiologista e professor da Afya Educação Médica de Vitória, Antônio Avanza, muitos pacientes omitem o uso desses medicamentos em emergências, o que dificulta o diagnóstico e compromete o tratamento.

    “A bula da tadalafila contra-indica expressamente o uso com nitratos, exigindo um intervalo mínimo de 48 horas. Se o paciente não informa o uso, o atendimento de um infarto pode ser prejudicado”, afirma Antônio Avanza.

    Casos adversos e mortes associadas ao uso de inibidores de PDE5

    Relatórios da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do Reino Unido identificaram mais de 2,4 mil efeitos adversos relacionados à sildenafila e à tadalafila nos últimos 25 anos. Destes, 10% resultaram em óbito.

    Já a Agência Europeia de Medicamentos apontou que 8% dos casos de Eventos Cardiovasculares Maiores (MACE) tinham ligação com o uso dessas substâncias — sendo a maioria dos casos em pacientes com menos de 65 anos.

    Falta de prescrição e necessidade de orientação médica

    Diferentemente de medicamentos controlados, a tadalafila e a sildenafila não exigem receituário especial, o que facilita seu o. Porém, isso reforça a necessidade de educação do paciente.

    “Mesmo jovens saudáveis devem fazer avaliação cardiológica antes de usar esses medicamentos”, defende  Avanza. “Exames como eletrocardiograma e teste de esforço são recomendados para garantir segurança.”

    Além disso, os fármacos também têm sido usados no tratamento de hiperplasia prostática benigna, sempre com acompanhamento médico.

    Campanhas educativas e responsabilidade das farmácias

    Para conter o uso inadequado desses fármacos, campanhas de conscientização e protocolos de orientação em farmácias são medidas urgentes.

    “Não se trata de impedir o o, mas de garantir que o consumidor saiba os riscos que corre ao usar o produto sem avaliação médica”, ressalta Avanza.

    Entre os principais alertas estão os sintomas de hipotensão, arritmias e sinais de infarto em usuários não monitorados.

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