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Palavras “empoderadas” que têm “pegada” pra entrar na moda; e sair

São várias os termos que, de repente, ouvimos em todas as partes e que, com a mesma velocidade, desaparecem

Escrito en Opinião el
Jornalista, editor de Cultura da Fórum, cantor, compositor e violeiro com vários discos gravados, torcedor do Peixe, autor de peças e trilhas de teatro, ateu e devoto de São Gonçalo - o santo violeiro.
Palavras “empoderadas” que têm “pegada” pra entrar na moda; e sair
Nuvem de Palavras. Reprodução

Ninguém escapa delas. Nem de usa-las, tampouco de ouvi-las. São as palavras que entram e saem da moda. As duas citadas no título deste texto, por exemplo, têm sido usadas à exaustão, invariavelmente dentro de algumas “bolhas” (olha outra aí) mais engajadas. “Empoderada”, tanto no masculino quanto no feminino, com sua variante “empoderamento”, virou uma febre.

De uma hora para a outra, toda e qualquer pessoa que se insurge contra isto ou aquilo, virou “empoderada”. E, invariavelmente, esta mesma pessoa “empoderada” tem uma “pegada” assim ou assado, que pode vir a designar qualquer diferencial sobre os que não são “empoderados”.

Uma pesquisa da Universidade de Manchester descobriu que estas palavras da moda têm uma vida média de 14 anos. Normalmente, após este período elas caem no esquecimento. Já ficaram pra trás, por exemplo, expressões bisonhas como “boko-moko”, que significava para as agora vovozinhas alguém de mau gosto, “brega” (outra expressão em desuso); foram para o “beleléu” também “massa”, que deixou de ser algo bom, bacana, para voltar a nomear o pão, o macarrão, entre outros alimentos feitos à base de “farinha”. Esta, por sua vez, ainda persiste como apelido da “cocaína”.

Gerundismos e estrangeirismo

“Maneiro” e “é uma brasa, mora” ficaram no tempo também como coisas positivas, boas. Entraram em seu lugar algo como “hype”. E, se você quiser concordar com alguém e for moderno o suficiente, ainda dá pra usar, ao invés de um simples “está bem”, o termo “beleza”.

O gerundismo, por exemplo, foi mania inável nas primeiras décadas deste século e que, ao que tudo indica, parecem “estar terminando” por estes tempos.

Já os estrangeirismos invadem nossa língua há tempos. Termo que virou soberano, sobretudo entre colegas jornalistas, é o tal “checar”. “É preciso sempre ‘checar’ uma informação antes de publicá-la. O velho e bom José Saramago, inesquecível prêmio Nobel de literatura, reclamava em alto e bom som: “para que usamos ‘checar’ se temos um verbo tão bom ou até melhor em português que é o ‘conferir’?” Se a “checagem” for correta, a informação certamente irá parar no “lead” da matéria. Muitos por aqui, numa certa ânsia de salvar nossa soberania, aram a chama-lo de “lide”.

Publicitários

Os jornalistas, no entanto, perdem, e longe, no quesito estrangeirismos, para seus colegas publicitários. Estes não trabalham mais, fazem “Jobs”. Se quiserem um resumo do que o cliente necessita para a sua campanha, eles pedem um “briefing”, que terá, obviamente, um “target” e precisará, é claro, de um “budget”. Tudo isto terá um “deadline” e, se der tudo certo, poderá até mesmo virar um “case”.

Posto isto, vou me apressar, pois preciso fazer a “entrega” deste artigo o mais rápido possível. O termo “entrega”, diga-se de agem, veio para substituir, por exemplo, um governo ou funcionário eficiente: “este faz entregas”.

Ao fim e ao cabo, caros leitores, se vocês não gostarem deste texto, fiquem à vontade para “deletá-lo”. Nesta seara, no entanto, entramos no obscuro universo das redes sociais, que é um saco sem fundos de novas palavras e expressões. Mas, ao menos por enquanto, vale mais à pena largar o assunto e ir "stalkear" um "crush".

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